segunda-feira, 1 de março de 2010

A Globalização e as Consequências para os Povos Excluidos

A globalização vista nos dias de hoje, serve aos interesses do capitalismo, já numa nova ótica, para explicar uma concepção de mundo, como um futuro para a humanidade, devem passar pelo processo de descolonização dos povos.
Esta globalização imposta pelo imperialismo, destrói a cultura, religião e principalmente os povos do mundo periférico do capital, controlados pelos principais países ricos, de acordo com a parte que lhes cabem, dentro deste modelo, processo este que pode ser visto de varias formas, mas podendo ser frisado de duas maneiras: a globalização como processo de colonização e a fragmentação dos territórios. Processo este, que, passa por uma forte revolução tecnológica, transformando novas conquistas para o capitalismo, através da política ideológica de consumo, caracterizando enorme fundamentalismo por parte dos poderosos.
O mundo globalizado visto por outro lado, chamado de “o lado de cá”, expressão esta usada pelo saudoso Milton Santos, falecido em 2004, deixando vasta obra para explicar a globalização, numa lógica do mundo dos pobres.
Segundo Milton Santos, para entender o mundo globalizado, são necessários estudos sobre os movimentos, alguns pensadores buscam a fundamentação teórica em várias linhas de pensamentos políticos, econômicos e sociológicos. A maioria dos chamados progressistas ou não, vão buscar explicações nas teorias de Karl Marx, mas cada um buscando a sua lógica para a sua defesa dentro deste processo.
Milton Santos se considerava marxisante, ao contrário dos marxistas ortodoxos, que correm o risco de se tornar um religioso em suas interpretações, não ocorrendo a renovação do pensamento para analisar e propor debates para uma nova ordem de modelo econômico, no qual está estabelecida em escala planetária.
Com o processo de globalização, praticamente não sobrou nenhum país que não tenha se tornado capitalista, principalmente a China que interpreta e aplica suas políticas econômicas numa lógica capitalista, que para muitos analistas econômicos denominam um capitalismo com forte intervenção por parte do Estado.
Podemos identificar o poder de um país dentro da globalização até mesmo pela quantidade de consumo de energia elétrica em suas principais cidades.
Na lógica de um mundo globalizado, podemos constatar que um grupo de quinhentas famílias podem concentrar a riqueza de mais de quatrocentas mil famílias pelo mundo afora, principalmente nos principais seis países que concentram a principal riqueza produzida pela humanidade.
Com o aprofundamento desta política de perversidade chamada de neoliberalismo, e hoje em dia de globalização, a dependência ficou maior do que antigamente, sendo vista por Milton Santos, numa lógica socialista, através de debates para a construção de um outro mundo, por uma outra globalização, e não essa fábula defendida pelos capitalistas, sendo assim, a modernização dos modos de produção, consumo destes produtos, fruto do trabalho da classe trabalhadora, e ao mesmo tempo, pregando que os povos serão beneficiados, ao serem inseridos no mercado consumidor, saindo da chamada linha abaixo da pobreza, conforme justifica os defensores da globalização imposta no mundo.
O Consenso de Washington, são linhas gerais traçadas por países ricos, a serem seguidas por países da periferia subordinados ao Império econômico, consenso este, visto pelos progressistas como uma política perversa, sendo considerado como um processo de burla ideológica, a ser implementada pelos gerentes de plantões das colônias do capital, usando o aparato do Estado, para que seus povos aceitem a política do colonizador, sem que provoque grandes convulsões de ordem econômica e sociais.
O remédio para resolver as chamadas crises financeiras do mundo, é cortar os financiamentos dos setores públicos, como por exemplo na saúde, educação, transporte e habitação, afetando profundamente os direitos dos trabalhadores. Crise esta, que para muitos economistas não passa de uma reorganização do capital, concentrando ainda mais as riquezas da periferia para o centro, um dos exemplos desta lógica, foi o que ocorreu nos bancos, pelo mundo afora, provocada pelo crédito imobiliário, principalmente nos EUA. Sendo necessário a intervenção do Estado com dinheiro público para salvar as instituições financeiras, que está nas mãos dos poderosos.
Outro exemplo que podemos citar é a montadora Norte Americana GM, com filial aqui no Brasil, situada principalmente, no Estado de São Paulo, alegando que fecharia as portas indo à falência, por sérios problemas de ordem econômica, levando ao fechamento de postos de trabalho. Com este argumento a empresa pressiona o governo brasileiro para receber injeção de recursos com o objetivo de preservar os empregos no país. Assim, o Governo Federal e o governo de São Paulo, tratou de viabilizar esses recursos públicos à “pobre montadora”, totalizando um montante de oito bilhões de dólares divididos igualmente entre os dois governos, após esta operação, para não deixar os trabalhadores brasileiros desempregados, tratou de enviar para sua matriz nos Estados Unidos da América, uma remessa de lucros, para a empresa em dificuldade, na ordem de um montante de doze bilhões de dólares, provando com isso que, os grandes centros do capital sempre usarão as periferias para manterem seus poderes econômicos na ordem globalizada dos prejuízos, centralizando os lucros em forma de concentração do capital.
Podemos citar a intervenção dos poderosos, em forma de globalização na América Latina, a questão da dolarização no Equador, frutos estes que podem ser considerados envenenados, culminando com grandes explosões sociais, por parte do povo equatoriano. As manifestações se desencadearam por vários fatores, uma delas foi a privatização da água pelas transacionais, que levou à morte de um rapaz, forçando o poder público a desprivatizar este bem da humanidade.
Na Bolívia, houve protestos em favor na nacionalização do gás, petróleo e a água, movimento, este, que provocou a morte em torno de setenta pessoas em confronto com forças contraria à nacionalização, a serviço do capital estrangeiro.
Na Argentina a política neoliberal, aplicada pelos militares, levou a destruição daquele país. Processo este que darão prosseguimento com as políticas dos próximos presidentes chamados de civis, principalmente Carlos Menen, que implementou uma política agressiva para dar continuidade às privatizações das estatais em cursos, política esta que levou o fechamento de várias fabricas no país, levando a sua economia em pedaços, transformando sua classe média em pobres, e os trabalhadores em catadores de papeis e outros materiais nos lixões, como forma de amenizar a fome, provocada pela perversa política econômica e aplicada por esses gerentes de plantões nas periferias do capitalismo, a mando do grupo dos oito países ricos, caracterizado como G8, com forte gerenciamento dos organismos internacionais, principalmente o FMI. Mas essa política não passou sem protesto por parte dos argentinos, prova disto foi a queda em uma semana de três presidentes.
No Brasil como a maioria dos países da América Latina, também passou por esse processo privatizante em nome da modernidade, chamado de mundo globalizado, privatização esta que teve aprofundamento nos anos de 1994 a 2002, na era do presidente Fernando Henrique Cardoso, que através dos governadores dos Estados, realizaram a venda das principais estatais do país. Já no governo Lula, esta privatização deu se de outra maneira, que podemos chamar das parcerias públicas privadas, com a sigla PPP. E também o Lula contou e conta com o apoio das principais centrais sindicais, por vias das suas lideranças, para a realização de algumas reformas liberais dentro do processo de globalização, desta forma não está tendo o desgaste que poderia provocar as manifestações, por parte dos trabalhadores,
Numa participação no Brasil do Joseph Stizhiet, chefe do banco mundial e Prêmio Nobel de economia, disse que a questão da globalização não se dá em bases de análise econômica, e sim sobre uma postura ideológica. Exemplo é a questão da China que adere ao capitalismo de mercado, mas não segue os receituários do consenso de Washington, desta forma conseguindo crescer mais que a maioria dos paises que seguem esta política de intervenção.
A globalização dos territórios leva a uma nova divisão internacional do trabalho, exemplo este que pode ser exemplificado pela construção de uma aeronave por parte da Boing, que são necessárias em torno de mais ou menos três milhões de peças, que são construídas por 322 empresas em 38 países, são divididas de acordo com a participação tecnológica e econômica no mundo globalizado. Para o Brasil, cabe a construção de uma pequena peça do leme da aeronave. Desta forma, as grandes empresas desorganizam os territórios, processo esse que pode ser observado no filme Corporeich, sendo a de exploração, principalmente das crianças, tornando a globalização como uma fábrica de perversidade, perversidade essa que leva milhões de pessoas à fome, através do achatamento cada vez maior dos salários, tendo que trabalhar mais, com menos direitos. Para isso, o capitalismo usa o Estado como aparato ideológico.
A globalização divide a humanidade em dois grupos, os que não comem, e os que têm medo dos que não comem. A questão de não comer não passa pela falta de alimentos e sim pela distribuição, e como está organizada a sociedade. Ela que decide que alguns milhões de pessoas não devem comer, sem falar na questão da á água, em torno de 1,5 bilhões de pessoas no planeta não têm acesso de forma mínima para a sobrevivência, além disto a maioria dos povos consume água praticamente sem tratamento.
No 3º Fórum realizado pelas transnacionais da água, foi tratada a questão da privatização em escala mundial, o debate foi feito puramente em cima de um bem econômico, bem, este deveria ser pago pela humanidade para seu uso, seguindo numa lógica das empresas transacionais da água.
A globalização há muitos vem separando os povos através de muralhas econômicas, e até mesmo territoriais para que não circule livremente nos variado continentes, a China no passado construiu essa tal muralha, para que determinados povos não tivesse acesso aos vales verdes. Esta é a fábula da globalização, porque o que é globalizada é a circulação livremente da mercadoria, sendo proibido a circulação das pessoas, o filme “Território Restrito” demonstra muito bem sobre a não globalização das pessoas e sim de mercadorias, onde um agente do governo (Ray Liotta), responsável pela análise dos pedidos de imigração de milhares de pessoas das mais diversas partes do mundo. Sua esposa (Ashley Judd) é uma dedicada assistente social local. O agente federal imigratório (Harrison Ford) em uma de suas batidas policiais acaba por deportar uma emigrante brasileira (Alice Braga) uma jovem mãe solteira trabalhando ilegalmente nos EUA”.
A barbarie provocada pela globalização leva a morte de milhões de crianças e idosos pelo planeta afora, a fábula desta política de modernidade, não passa de uma máquina de moer carne humana, onde trata o dinheiro como a única razão deste processo perverso, sendo que serve somente para dar significado na ocupação do espaço demográfico globalizado
Sem a mídia isto não seria possível, esse mercado midiático que está nas mãos de seis empresas que controla noventa por cento da mídia mundial, serve ao processo como intermediação das empresas que controla o capital e o povo, através dos organismos internacionais da informação, que podemos chamar de tecnologia da comunicação.
Uma das reuniões ocorrido em Davos, foi criado um fundo para anestesiar a pobreza. A mídia deu um enfoque de que o capitalismo está preocupado com a pobreza, se isto fosse verdade, aqueles representantes não seria os agentes do capitalismo, porque na lógica da globalização (capitalismo) é a concentração cada vez mais da riqueza, tirando dos pobres pára os ricos, então a mídia tem esse papel ideológico de passar que os ricos são bondosos. Assim, a mídia dará enfoque de uma ordem a ser seguida, não tendo o compromisso com a humanidade enquanto cidadão, e sim aos interesses na qual ela representa. Ela será responsável pela seleção daquilo que deve ser noticiado e interpretado de acordo com os interesses pré-determinado. Exemplo foi o que aconteceu com a ocupação do Iraque pelos EUA e seus aliados, a mídia alegava que o presidente do Iraque (Sadan) portava em seu país armas biológicas, com o passar do tempo foi comprovado que não era verdade, mas para justificar a invasão, usou os órgãos de imprensa pelo mundo afora com objetivos de esconder o verdadeiro seus interesse, que era controlar e comercializar o petróleo daquela região. Cabendo aos jornalistas, informar nos veículo de informações aquilo que seria de interesses da grandes empresas petroleiras como as bélicas, envolvidas na ocupação.
Para um processo político que possa fazer contra ponto a esta globalização, é necessário que surgem movimentos de baixo para cima, porque de cima para baixo é impossível, criando assim uma nova plataforma técnica para a liberdade, através da tecnologia da comunicação, as novas tecnologias da comunicação podendo ser um grande instrumento no processo possa ir contra exploração dos povos, criando assim a possibilidade de um outro futuro, e uma nova lógica, que é a libertação dos povos sem que precise pedir permissão.
A revanche da periferia poderia ser dada através da valorização e apropriação da cultura popular de massa por parte dos povos excluídos da cultura, estabelecendo uma nova ordem a ser seguida, criando um período popular histórico para a cultura da periferia do capital.
Período tecnológico do homem pode está chegando ao fim, surgindo o período demográfico, onde os autores de baixo vão mudar a história, assim ocorrendo uma explosão neste sentido.
A China pode ser interpretada numa lógica capitalista controlada pelo Estado, que está usando o momento e seus recursos para um novo País, precisamos saber se esses recursos terão vida longa, mas não podemos negar que ela investe pesado na formação de novos profissionais para o “mercado”.
Na África e América Latina os gigantes estão despertando, onde o Colonialismo e imperialismo não pagaram as contas quando retiram suas bandeira destes continentes, que deixou destruição criminas. “O Eduardo Galleano vem fazendo questionamento em seus trabalhos, até quando vamos imitar o Norte na questão da sociedade do consumo ou vamos ser uma sociedade diferente”
A América Latina, principalmente o Brasil pensa como Europa e EUA e não pensamos como um País localizado num continente que deveria ser de um olhar para o Sul, sem ser o olhar intervencionista do mundo do Norte e da Europa. Assim criando uma nova ética, sem ser a dos poderosos, e sim a dos que não nada têm, que chamamos de desesperados, sem que precise ir para a ética da violência. Essa nova ética deve passar pelos direitos sociais, como à moradia, alimentação, habitação, educação, cultura e lazer, inclusive a água e qualquer outros direitos fundamentais para a construção da dignidade humana em forma de cidadania como direito, porque isto nunca ocorreu, devido à classe média não querer direito, e sim privilégios.
O terceiro setor chamado de ONGs, em sua maioria, acaba sendo o instrumento da reprodução perversa imposta pelo capital, devido o seu financiamento por parte do Estado ideológico, a serviço do capitalismo globalizado, Estado este que não é socializante. O filme Nacional Quanto Vale ou por Quilo, retrata muito bem esta questão da maioria das ONGs, que está a serviço do Estado globalizado.
Podemos concluir que a globalização é aprofundamento da colonização do império sobre os povos da periferia, mas que essa lógica pode ser mudada a partir de uma nova ordem mundial, que deve passar por movimento que deverá surgir de baixo para cima, para estabelecer uma outra ordem, que possa leva a construção de uma ética, vista na lógica dos excluídos, e com isso uma globalização, que possa ter circulação de mercadorias e pessoas livremente dentro de todos os continentes.

Referencias

O filme do Silvio Tendler: Encontro com Milton Santos, O Mundo Global Visto do Lado de Cá;
O filme do Costa Grava: O quarto Poder, o papel da mídia.
Filme: Território Restrito
Filme: Quanto Vale, ou Por Quilo
Pesquisas: internet e outros veículos impresso
Entrevista com: professor Altair da rede Publica de Educação de São Paulo

Texto Elaborado por Estudantes do Curso de Administração de Recurso Humano da Uninove na cadeira de sociologia com a participação do Professor Altair Lourenço
Autores do Texto
Leila Martineli
Elisa Indaiana dos Santos
Renata Valéria dos Santos
Sidnei Roberto Nosti

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