quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Solidariedade ao povo palestino

No dia 29 de novembro comemora-se o Dia Internacional de Solidariedade ao povo palestino.
Esta data não foi escolhida por acaso, ela relembra o dia em 1947, quando a Assembléia Geral da ONU aprovou a divisão da Palestina em dois Estados: O Estado de Israel (judeu) e o Estado da Palestina (árabe). O segundo - o palestino - jamais se realizou. A partilha não foi aceita , pois coube ao Estado de Israel um território maior e mais fértil e, desde a proclamação do Estado de Israel , os conflitos se agravaram.

A História da Palestina não é simples. É disputada por dois povos: palestinos e judeus, ambos descendentes de Abraão, a quem, segundo a Bíblia, teria sido prometida a terra de Canaã. A origem do povo palestino remonta aos tempos bíblicos, quando cananeus, filisteus e outros povos habitavam a região. As conquistas islâmicas do ano 636 até 1917 deram-lhes as atuais características árabe-muçulmanas. O território foi sucessivamente invadido, mas a população original permaneceu na Palestina e deu-lhe o seu nome: "Filistin" ( Terra de Gigantes).

Os judeus ocuparam a região duas vezes : há cerca de 4000 anos ,com Abraão e mais tarde, liderados por Josué, vindos do cativeiro no Egito. Os judeus espalharam-se pelo mundo com a repressiva ocupação romana e ,no ano 135, foram definitivamente expulsos da Palestina. Na Europa , acusados de todas as desgraças reais e imaginárias , os judeus organizaram-se com o objetivo de retornar à Palestina, no final do século passado. Compraram terras e instalaram colônias, mas não levaram em conta o povo que habitava a região há mais de 1.800 anos. Embora o início da colonização tenha sido pacífico, nas décadas seguintes começaram os conflitos violentos que se intensificaram principalmente a partir da década de 20. Após a II Guerra Mundial ( 1945), o mundo descobriu, horrorizado, o massacre dos judeus feito pelos nazistas e apoiou a criação de um Estado que abrigasse os sobreviventes do holocausto e impedisse que a situação tornasse a se repetir.

À proclamação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948 seguiram-se seis guerras. Massacrando aldeias inteiras os israelenses foram ocupando gradativamente o território do eventual Estado Palestino, até a totalidade. A maior parte da população palestina foi expulsa. Nem sempre bem recebidos nos países vizinhos, os exilados, desesperados, criaram grupos para, com seus atentados muitas vezes suicidas, atacar Israel é chamar atenção do mundo ao problema palestino.

Dentre esses grupos, organiza-se a OLP ( Organização para a Libertação da Palestina) cujo líder, Iasser Arafat, ganhou reconhecimento internacional especialmente após o final da década de 80, quando renuncia à luta armada e iniciaram-se os acordos de paz.

Pelos Acordos de Oslo, em 1993, foi criada a Autoridade Nacional Palestina, uma espécie de experiência de um governo parcial palestino por cinco anos, findos os quais, seria criado o Estado da Palestina. Vários acordos foram feitos e rompidos, outros, "congelados" pelo governo de Binyamin "Bibi" Netanyahu, do partido conservador Likud. A eleição de Ehud Barak , do partido Trabalhista , em junho de 99 trouxe nova esperança de paz, necessária para a criação do Estado Palestino .Pelo acordo original, o prazo venceu em maio de 1999, mas tem sido constantemente adiado porque as partes não chegaram a um consenso sobre várias questões como a retirada das tropas israelenses das áreas ocupadas e, principalmente a questão sobre Jerusalém, reivindicada pelos dois povos como capital.

Iasser Arafat comunicou a proclamação do Estado da Palestina para 13 de setembro de 2.000, "com ou sem acordo" , porém não alcançou êxito. Frustrados e desiludidos , os palestinos reagiram especialmente após a provocação do general Ariel Sharon, chamado "o general assassino" por comandar diversos massacres contra os palestinos, entrando na Mesquita de Jerusalém com seus seguranças, de forma desrespeitosa. Os noticiários mostram imagens chocantes: os palestinos, em sua maioria crianças e adolescentes, atacando com pedras um exército israelense armado com tanques e mísseis. O conflito chega a um impasse: O governo trabalhista de Barak tem se mostrado mais intransigente que o anterior, reagindo aos protestos palestinos de maneira desproporcional contrariando a maioria dos israelenses que, de acordo com as pesquisas , é favorável à criação do Estado Palestino. Hoje, todos os acordos feitos em busca da paz encontram-se na estaca zero. A esperança de paz na região depende de o povo palestino ver assegurado o seu direito de existir numa terra que é sua, onde seus direitos sejam respeitados e para onde possam voltar os exilados. A solução parece estar exclusivamente nas mãos do governo de Israel.

Geralda Ribeiro Braga - é professora de História e pós-graduada em Política Internacional pela FESP-SP

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