quinta-feira, 19 de abril de 2012

Vênus adormecida e Cupido

Vênus adormecida e Cupido

Título da Obra:  Vênus adormecida e Cupido
Artista:   GENTILESCHI, Artemisia
Index Iconográfico:  12Ven - Afrodite Vênus; 12Ven1 - Vênus e Cupido (Afrodite e
Eros)
Técnica:   Óleo sobre tela
Data:   1625c. - 1630
Período Histórico:   40 - SÉCULO XVII
Dimensões:  94 x 144 cm
Local:   Princeton (New Jersey), The Barbara Piasecka Johnson Foundation
Texto:  Vênus deita-se nua, adormecida, sobre um leito recoberto por 
um lençol de um azul muito profundo (pintado com dois 
estratos de lápis-lazúli), em forte contraste com o vermelho 
dos veludos da almofada e das cortinas. Ela segura na mão 
esquerda um véu transparente que lhe cobre a coxa direita e 
o braço esquerdo. Seu filho, Cupido, abana-a com um leque de 
plumas de pavão, a ave atributo da deusa.

O modelo antigo dessa Vênus adormecida (a Vênus adormecida 
não foi jamais um tema tratado pelos artistas da 
Antiguidade) seria a famosa escultura do Cortile delle
Statue
 do Vaticano, a "Ariadne adormecida" (após ser 
abandonada por Teseu em Naxos), cópia romana do século II 
d.C. a partir de um original pergameno de 200 a.C. circa.

Como se sabe, esta estátua, adquirida em 1512 por Júlio II 
para seu Cortile e longamente confundida com uma 
Cleópatra suicida, foi muitíssimo admirada e copiada pelos 
artistas do século XVI. Ela era com certeza bem conhecida de 
Artemisia Gentileschi (1593-1653). 

Uma mediação possível seria a "Vênus adormecida" de Annibale 
Carraci, do Musée Condé de Chantilly, por certo derivada da 
mesma estátua vaticana. Contudo, conforme notado por Garrard 
(1989), o modelo imediato da pose desta Vênus de Artemisia é 
sem dúvida o "Cupido adormecido" de Caravaggio, hoje na 
Galleria Palatina de Palazzo Pitti em Florença.

Ao fundo, pintado ao que parece por outra mão, descortina-se 
uma paisagem noturna, iluminada pelo luar, onde se discerne 
um templo circular, alusivo talvez ao santuário de Afrodite 
em Cnido, que era circular justamente para que se pudesse 
admirar de todos os ângulos a célebre estátua de Praxíteles.

Dado o amplo emprego de um material tão custoso como o 
lápis-lazúli, Christiansen cogita na possibilidade de que 
esta Vênus seja a obra que Artemisia enviou de Nápoles ao 
Cardeal Antonio Barberini, conforme uma notícia conservada 
em uma carta do cardeal a Cassiano del Pozzo de 1635. Seria 
a mesma tela inventariada em 1644 sob o título: "una donna 
con amorino".

Luiz Marques
18/04/2012


Bibliografia:
1986 - P. P. Bober, R.O. Rubinstein, Renaissance Artists and 
Antique Sculpture. A Handbook of Sources, Londres: Harvey 
Miller, pp. 113-114.
1999 - M. Garrard, Artemisia Gentileschi. The Image of the 
Female Hero in Italian Baroque Art. Princeton, 1999, pp. 
105-106 e 274-276.
2001 - K. Christiansen, J.W. Mann, Orazio e Artemisia 
Gentileschi. Catálogo da exposição, Roma, Palazzo Venezia. 
Genebra-Milão: Skira, pp. 371-373

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